Feedback Negativo: confira seis passos para ter uma conversa difícil com seu colaborador

Project leader explaining job specific to newcomer. Business man and woman sitting at conference table with open laptop, talking and gesturing. Expertise concept

Mentora de líderes aponta ser natural que as pessoas sintam receio desse momento, mas algumas medidas de empatia abrem a possibilidade para que seja uma conversa mais leve.

Termo cada vez mais comum em pequenas e grandes empresas, o feedback essencialmente é uma conversa de alinhamento no trabalho com o funcionário. É uma demanda necessária para que todo líder realize ajustes e mantenha contato saudável com os membros da equipe. E uma pesquisa comprovou que este momento é visto como fundamental pelos empregados. Realizada em 2020, a FIA Employee Experience ouviu 150 mil pessoas de forma anônima, em 300 empresas do Brasil. Desse total, 88% disseram que o feedback contribui para o desenvolvimento profissional. Justamente por ser tão importante, os líderes precisam ter cuidado quanto à abordagem dos temas neste momento.

Quando o feedback é positivo, em geral, o líder elenca as conquistas do membro da equipe e reconhece o trabalho desempenhado pela pessoa, pois mostrar reconhecimento do sucesso ajuda no engajamento e confiança do empregado. Já o feedback negativo é focado na necessidade de melhorias, ou seja, em pontuar questões quando alguém não teve o resultado esperado. Neste caso, é comum que haja receio na forma de abordar o tema. Segundo a mentora de líderes Carol Castro, esse tipo de retorno pode deixar quem recebe as informações mais retraído e o líder com a incerteza sobre como conversar. “Afinal, ninguém quer magoar ou criar um sentimento de rejeição em uma pessoa que faz parte de sua equipe”, explica.

Carol é criadora do método HOP (Human and Organizational Performance – Desempenho Humano Organizacional, na tradução para o português), que aplica um conjunto de ferramentas para aprimorar rotinas e processos dentro de uma empresa ou equipe com o objetivo de formar times autogerenciáveis e com alta performance. São práticas que envolvem capital humano, transformação organizacional e metas e resultados.

Carol explica ainda que o feedback é uma das etapas do método que geram muitas dúvidas, especialmente quando ele é negativo. Por isso, o principal conselho é que ele seja mais humano e sem julgamentos. “O feedback é uma conversa necessária. É um momento que precisa ser considerado como presente valioso para toda a equipe, tanto para quem fala quanto para quem recebe o retorno”, afirma. Para tanto, diz a mentora, é importante ter empatia. Com isso, o líder precisa, antes da conversa, perguntar como a pessoa está. Se ela não estiver bem, é melhor abortar o momento e remarcar. “Se o líder continuar mesmo assim com a conversa, o colaborador não vai enxergar a situação como um presente e poderá se sentir prejudicado”, acrescenta.

Para ser mais assertivo neste momento, a mentora lista seis passos baseados em seu método. Confira!

Créditos: Freepik

1 – Pratique a Comunicação Não-Violenta

Criada pelo psicólogo norte-americano Marshall Rosenberg, a Comunicação Não-Violenta (CNV) consiste em habilidades para tornar a conexão entre indivíduos mais efetiva com base na compaixão e no sentimento. Trata-se de comunicar um assunto de forma mais humana e aberta às percepções sobre a situação, mesmo que o diálogo envolva uma questão de conflito, como em um feedback negativo. “O líder consegue ter diálogo com mais empatia em relação ao empregado”, afirma Carol. Para que isso seja possível, é importante que se pratique a comunicação como um todo dentro das empresas e que esse processo traga para os diálogos a clareza, transparência, respeito, calma e empatia, o que evita ruídos de comunicação. Por meio destas atitudes, é fundamental criar um ambiente em que as pessoas se sintam à vontade para expressar seus incômodos. Na Comunicação Não-Violenta, o diálogo passa a ser menos mecânico e mais consciente, conforme as percepções do momento.

2 – Aponte o que será abordado, sem fazer julgamentos

O conceito de Comunicação Não-Violenta é fundamental para o próximo passo: a abordagem daquilo que será tratado pelo líder com o seu colaborador. Porém, isso deve ser feito sem que o líder julgue ou critique o colaborador por alguma falha que ele tenha cometido. Carol traz uma situação hipotética em que um funcionário está com reiterados atrasos na empresa. “É crucial não colocar o colaborador na posição de defesa, ou seja, em que ele se sinta recriminado por algum erro. Basta mostrar o assunto que será abordado. Há uma diferença clara entre dizer ‘quero falar do fato de você ter chegado atrasado nas últimas semanas’, e falar ‘parece que você não leva a sério o trabalho aqui na empresa’. Dentro da Comunicação Não-Violenta, a primeira frase é um exemplo para evitar julgamentos e somente dizer o que será abordado na conversa”, explica.

3 – Fale do seu sentimento sobre o fato

Carol explica que o líder precisa mostrar o que sente sobre a situação abordada na conversa. Porém, ela faz um alerta: é necessário saber como demonstrar sentimentos sobre a questão exposta. “Se eu preciso falar sobre um assunto, é porque ele causa algum sentimento em mim. Em situações como o feedback, por exemplo, o líder tende a falar do outro e não dele mesmo. Mas quando ele comunica o que sente, como tristeza, angústia, frustração ou desapontamento sobre a situação abordada, ele cria uma conexão com o colaborador”, afirma. Dessa forma, explica a mentora, o líder informa que toda vez que a pessoa insistir no tema abordado, terá consciência do sentimento que causa.

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4 – Projete a necessidade futura

Após a abordagem do sentimento, é importante que o líder faça uma ação positiva de futuro. Ou seja, dizer o que ele deseja que seja feito. Neste ponto, explica a mentora, não se deve retomar o problema, para que o ouvinte não fique na posição de defesa. “No caso dos atrasos do funcionário, por exemplo, uma alternativa é sugerir que o colaborador chegue ao trabalho em determinado horário a partir da conversa, o que é diferente de uma imposição”, afirma. Segundo Carol, focar no objetivo mostra a intenção de melhoria da situação de forma positiva, sem constrangimentos.

5 – Realize um pedido, de pessoa para pessoa

O líder precisa ponderar o quanto a nova postura do membro da equipe é importante para ele. Por isso, é válido realizar isso como um pedido de pessoa para pessoa, sem envolver diretamente a empresa. “Isso torna a comunicação mais humana e menos institucional”, comenta.

 

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6 – Foque na comunicação olho no olho

Carol acrescenta a necessidade da comunicação olho no olho e a concentração no interlocutor em toda a conversa. Isso deve levar em conta o ambiente em que acontece este feedback (um local tranquilo, que não seja público), sem interferências de outras pessoas ou mensagens e ligações no celular. “Assim falamos de uma situação necessária com amor e empatia”, finaliza.

A mentora de líderes ainda aponta que é pertinente definir o feedback como um processo dentro da rotina de trabalho. Ou seja, o líder precisa transformar esse momento em algo periódico e que seja agendado previamente, para que também o colaborador tenha consciência de que esse contato faz parte do trabalho.

Sobre Carol Castro 

Melhorar rotinas e processos e aprimorar o contato entre lideranças e colaboradores. Essas e outras atividades estão dentro do trabalho promovido pela mentora de líderes Carol Castro, que atua com palestras e eventos para empresários e líderes no aperfeiçoamento do trabalho corporativo. Carol trabalhou por 15 anos em uma multinacional Suíça de dispositivos médicos e odontológicos, na qual ingressou pela sua formação em Odontologia e, com isso, foi contratada para a área de pesquisa e desenvolvimento. Porém, dentro da empresa passou a focar seu trabalho na formação de lideranças e para o alcance de resultados em diferentes setores da empresa. Periodicamente, seu trabalho com os líderes das equipes era destinado a uma nova área, que tinha os processos aprimorados com a ajuda dos conhecimentos que Carol adquiriu, seja com fontes de estudo ou com o contato que tinha com as pessoas dentro da empresa. Dessa forma, desenvolveu o método HOP (Human and Organizational Performance – Desempenho Humano Organizacional, na tradução para o português), um conjunto de práticas para melhorar os processos empresariais e que envolve capital humano, transformação organizacional e alcance de metas e resultados. Em 2022, após 15 anos na multinacional, a mentora passou a aplicar o HOP em outras empresas, com imersões para líderes mudarem a realidade de suas equipes.

 

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