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Por Equipe Redatores Portal do Garrett – Publicado em 06 dez 2021
Compreender para atuar
Ao pensar nas corporações, a Sociologia se coloca como uma caixa de ferramentas para compreender os mais diversos segmentos da Diversidade presentes nas sociedades. Para a Psicóloga Social Márcia Esteves de Calazans, Especialista em Diversidade, Equidade e Inclusão com Ph.D. em Educação pela UFRGS, é o meio que oferece historicidade, pesquisas e informações de campo empírico que relacionam as corporações e as pautas de diversidade, equidade e das desigualdades.
Márcia Esteves de Calazans, Psicóloga Social e Especialista em Diversidade, Equidade e Inclusão – Foto arquivo pessoal
Comenta ainda que a grande falta de informação atrapalha o desenvolvimento e promoção das iniciativas. Pesquisas de mercado indicam que, ainda hoje, há disparidade salarial entre homens e mulheres e diferentes oportunidades para negros e brancos. “Nessa pirâmide nós temos: o homem branco, a mulher branca, o homem negro e depois a mulher negra”, analisa.
Por isso, a Inclusão busca construir caminhos para a ascensão dessas pessoas partindo de mudanças na cultura organizacional e integrar profissionais representantes das diversidades existentes. A profissional é também Gestora de Projetos de Impacto e afirma que “quanto antes nós entendermos que a diversidade é a nossa maior igualdade e potência criativa, mais rapidamente nós criaremos equipes empáticas e com melhor rendimento”, pontua. “A sociedade tem que se fazer representativa nos espaços possíveis e, sobretudo, nos espaços de trabalho”, ressalta.
Era de problemas complexos
Calazans nota que um dos desafios é possuir uma rede de estratégias que levem adiante um projeto complexo de transformação cultural em todos os setores empresariais. “Penso também que um dos grandes desafios é poder entender a nossa responsabilidade nisso e na dívida histórica”, elucida. “As empresas não estão em suspenso na nossa sociedade, os muros não as tornam assépticas a discriminações e preconceitos”, argumenta a socióloga.
“Pensando em todos os aspectos percebemos o tanto que nós temos uma cultura carregada de preconceitos por debaixo do pano de um país livre”, comenta a palestrante Tânia Chaves, Especialista em Diversidade e Inclusão, Marketing e Comunicação. Segundo ela, uma forma de identificar essa base cultural é analisar o organograma de companhias ou realizar o “teste do pescoço”, ou seja, olhar ao seu redor. “Você vai ver que quanto mais vai subindo o grau hierárquico, mais branco hétero cis e masculino ele vai ficando. Isso já comprova o quanto nós ainda somos um país preconceituoso”.
Tânia Chaves, Palestrante e Especialista em Diversidade e Inclusão, Marketing e Comunicação – Foto arquivo pessoal
A especialista comenta que as empresas atuais estão inseridas em uma era de problemas complexos e é fundamental que entendam Diversidade como uma solução. “Se eu tiver apenas pessoas iguais e que pensam iguais, com referências e visões de mundo iguais, elas vão chegar a resultados iguais”, expõe. “Quando você tem um grupo diverso, com diversas referências, origens, visões de mundo e de vida, e temos pesquisas que comprovam isso, criamos um time criativo, inovador e com soluções mais inteligentes”, destaca Chaves.
“Eu vejo que a diversidade é uma tendência que vai se sustentar e ser perene, durar anos, continuar e que repercute nos resultados das companhias” – Tania Chaves
As oportunidades e o mercado
“A nossa árvore social de oportunidades não é igualitária”, observa Isabella de Avila, Especialista em Diversidade e Inclusão, Comunicação Interna e Palestrante LGBT+. Segundo ela, em grande parte, isso se dá por conta de fatores sociais tais como acesso à educação, poder aquisitivo e contatos profissionais. “É importantíssimo pensar na questão do desenvolvimento e na questão de oportunidade quando estamos falando de perfil de diversidade. São pessoas que tem menos oportunidades e que dão mais valores as que elas recebem”, observa Avila.
Isabella de Avila, Especialista em Diversidade e Inclusão, Comunicação Interna e Palestrante LGBT+ – Foto arquivo pessoal
A especialista ressalta a urgência em normalizar as pautas e oportunidades pois preconceitos de qualquer âmbito social trazem reflexos negativos. “Temos que pensar em realmente normalizar, pois muitas das pessoas não falam sobre sua orientação sexual dentro do emprego por medo de serem demitidas ou de sofrer algum tipo de preconceito”, argumenta. “Precisamos normalizar que ser LGBT é uma coisa normal, comum no nosso ambiente e ter esse ponto de vista.”, defende Isabella de Avila.
Para ela, a mobilização, por menor que seja, faz com que as pessoas tendem a normalizar isso e auxilia para que todos possam ter orgulho de ser quem são. A especialista comenta também que a empresa que possui valores de Diversidade em sua cultura organizacional pauta o tema durante o ano inteiro, não apenas nas datas específicas.
Analisando as atuais ações já existentes no mercado de trabalho, as profissionais entendem que a atuação está sendo feita de maneira correta. Promover ações e campanhas demonstram que as empresas estão preocupadas e pensam nas lutas sociais, fato que segundo Tânia Chaves, não ocorria no passado. “A dúvida é o quanto do caminho você andou, em qual lugar você quer chegar e se você está pronto para aquela viagem”, questiona.
“A promoção da Diversidade e Inclusão no espaço corporativo vai muito além recrutamento, da seleção, metas e reservas de vagas ou ações afirmativas” – Márcia Calazans.
Segundo as profissionais, a preocupação em promover ações é fruto também da atenção do consumidor atual e observam o crescimento das práticas ESG no mercado como grande potencializador. A implementação é acompanhada de benefícios intangíveis para a sustentabilidade empresarial ao garantir que times diversos e inclusivos tenham maior motivação e potencial criativo. Um relatório produzido em 2018 pela organização McKinsey possui pesquisas que indicam o vínculo entre Diversidade e a performance financeira das empresas. Segundo essa, a diversidade de gênero está correlacionada tanto com a lucratividade como com a criação de valor.
Passos para a mudança: inquietude, vontade e intenção
Toda mudança profunda exige tempo, principalmente ao ressignificar uma cultura organizacional. Por isso, Tânia Chaves analisa como primordial que empresas adquiram inquietude e vontade genuína por transformações ao observar seu quadro de colaboradores. “É muito melhor que a gente admita do que ficar em uma negação que não vai te tirar do lugar”, comenta.
A profissional explica ainda sobre a necessidade de quebrar padrões automáticos de repetição presentes em ações, diálogos e na convivência social, os chamados ‘vieses inconscientes’. Para isso, coloca a educação, o letramento e a sensibilização ao tema como caminhos e a retroalimentação como fundamental para que a diversidade não seja esquecida dentro da empresa. A intencionalidade é característica fundamental para as lideranças que, segundo ela, são exemplo e promotoras da Diversidade.
“As companhias precisam despertar essa vontade de sair dessa zona de conforto, se incomodarem e fazerem ações para mudar isso mesmo que isso seja desconfortável, porque lá na frente vale muito a pena”, sugere. Para isso, enfatiza a necessidade de vagas bem descritas por meio do olhar de equidade visando aumentar as oportunidades: “é importante salientar que quando você retira alguma característica de um recrutamento e seleção para atrair um determinado grupo menorizado, você não está baixando a régua, você está revendo a régua”.
Para Isabella de Avila, é preciso retirar mitos de que Diversidade é apenas uma cota e assim a promover de forma orgânica. “Queremos reconstruir e reformar o sistema para que a gente consiga ter um ambiente igualitário”, comenta. A especialista entende que os gestores precisam estar bem alinhados pois também carregam a responsabilidade da decisão: “O RH e o time de People fazem a busca dos candidatos, mas quem bate o martelo é sempre o líder e gestor”.
“Se posicionar é um fator superimportante, porque quando falamos de Diversidade não é apenas dos grupos específicos, mas também das pessoas aliadas” – Isabella de Avila.
Segundo Avila, ao criar ações de Diversidade e Inclusão dentro das empresas e no mercado de trabalho, isso se replica por meio dos colaboradores. Para a profissional, a Diversidade é o pilar inicial para que cada empresa tenha mais lucratividade, criatividade e é uma estratégia que faz a diferença. “Quanto mais cedo uma empresa começa a trabalhar isso dentro do seu escopo de colaboradores mais rápido será a evolução dela”, ressalta.
As profissionais lembram que após a contratação as empresas precisam preocupar-se com a inclusão e bem-estar dentro dos ambientes de trabalho. Márcia Calazans analisa como fundamental o investimento em pessoas especializadas, em um bussiness partener para consultorias e em projetos desenvolvidos com base em pesquisas e monitoramento. “Isso envolve comunicação interna e externa, preparação de gestores, uma comunicação com clientes e colaboradores”, explica.
Márcia Calazans também afirma que é preciso entender que a Diversidade e Inclusão nas corporações promovem maior equidade. “As pessoas precisam estar representadas porque elas fazem parte da nossa sociedade. Apagar e invisibilizar esses corpos têm um preço muito alto e que às vezes não nos damos conta”, diz. “É possível ter uma sociedade mais fraterna para todos, mas isso requer termos pessoas certas nos lugares certos e tentando para fazer isso acontecer”, assegura.
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