Por Equipe Redatores Potal do Garrett – Publicado em 31 de agosto de 2022
Contratação de estagiários negros cresce 235% em 4 anos, revela levantamento da Companhia de Estágios
Além de contratar, empresas têm buscado sensibilizar as lideranças e realizado fóruns para debater a desigualdade no ambiente corporativo
A empregabilidade dos estudantes negros no Brasil disparou 235% em 4 anos. O saldo positivo vem de um levantamento inédito feito pela Companhia de Estágios, empresa que oferece soluções de recrutamento e seleção de estagiários, trainees e aprendizes para algumas das maiores organizações do país. Pelo segundo ano consecutivo, a empresa realizou o “Mapeamento dos Estagiários Negros no Brasil”.
O estudo mais recente teve como base 5.402 universitários negros contratados entre 2018 e 2021. A pesquisa usa a mesma classificação de “cor ou raça” do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em que o termo negro se refere à soma das populações preta e parda.
Os dados da Companhia de Estágios mostram que, de 2018 para cá, o cenário de contratações de estagiários negros vem crescendo. Em 2018, o número foi de 614. Em 2019, chegou a 1.205. No ano seguinte, 2020, primeiro ano da pandemia de Covid-19, 1.528 estudantes negros foram empregados. Já em 2021, saltou para 2.055 jovens. Até junho deste ano, eram 1.455 fazendo estágio.
Contribuem para esse cenário algumas iniciativas de empresas como criação de metas de diversidade, sensibilização de lideranças, criação de comitês de diversidade e realização de fóruns para debater a desigualdade no mundo corporativo.
“Esse crescimento ano a ano mostra que as iniciativas das corporações têm ido além da contratação. É muito mais que trazer mais pretos e pardos para dentro da organização. Agora, o olhar é mais inclusivo: garantir a exposição e o desenvolvimento dos profissionais negros, trabalhando ativamente para que eles estejam no pipeline de talentos, sendo efetivados e promovidos”, avalia Tiago Mavichian, CEO e fundador da Companhia de Estágios.
Ainda de acordo com o mapeamento, as áreas que mais contrataram esses estudantes foram finanças, engenharia de processos e atendimento a clientes.
Perfil dos estagiários pelo país
Atualmente, a maioria dos estagiários pretos e pardos são mulheres (67%), mora no Sudeste (85%) e tem idade média de 25 anos. No mapeamento do ano passado, a idade média era menor, 23 anos.
Ainda que a principal concentração esteja no Sudeste – por conta do maior volume de vagas, todas as regiões tiveram aumento da contratação de negros.
Os cursos com mais representatividade entre os jovens negros são ciências contábeis, engenharia civil, direito, engenharia de produção e administração. Já entre os pardos, destacam-se os cursos de engenharia química, mecânica, civil, de produção, além de administração.
Idioma ainda é questão de desigualdade
Mesmo com os avanços, algumas desigualdades continuam, como o nível de inglês. O número de estagiários negros aprovados com inglês avançado ainda é inferior: 26% contra 44% dos brancos. Mas no nível intermediário do idioma o cenário é o oposto: 34% dos negros atingem esse patamar enquanto apenas 30% dos brancos tem o idioma. O nível básico do inglês predomina em negros (25%) e fica em menor expressão nos brancos (12%). Isso revela que as pessoas estão mais conscientes e têm buscado maior qualificação, estudando idiomas por exemplo.
Outra questão relevante no mapeamento da Companhia de Estágios diz respeito às contratações das empresas de jovens sem experiência prévia. Em 2018, apenas 6% dos negros começavam a estagiar sem ter experiência no currículo. Já em 2021, as contratações de estagiários sem experiência alcançaram 22%, o que representa um crescimento de 266% em 4 anos.
“A experiência não deveria ser requisito para uma vaga de estágio. Felizmente, as empresas estão se conscientizando sobre essa questão e olhando cada vez mais para o potencial das pessoas. A companhia que oferece essa oportunidade desenvolve os talentos para os desafios de seu mercado e acaba tendo um grupo de pessoas qualificadas, com energia e disposição para contribuir com o negócio. Além disso, o fato de empresas olharem cada vez mais para o potencial das pessoas, ou seja, para os aspectos comportamentais – as chamadas soft skills – e não para exigências técnicas, elimina barreiras em processos de seleção”, comenta Mavichian.
Com informações da assessoria de imprensa.