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Notícias | Entrevistas

Por Equipe Redatores Portal do Garrett – Publicado em 09 ago 2021

Autoconhecimento, Bem-estar e Simplicidade: Professor Luciano Alves Meira discute assunto de seus livros em entrevista 

“Queremos nos assegurar de uma simplicidade que transcende a complexidade e, para isso, o autoconhecimento é a base”, explica o professor.

LUCIANO MEIRA

Em um mundo cada vez mais conectado, os desafios são cada vez mais complexos. De acordo com o professor e autor, o autoconhecimento deve ser a base para refletir processos sociais e pessoais, assim como para atingir uma simplicidade em diferentes setores da vida. Em entrevista ao Portal do Garrett, Luciano Alves Meira, dialoga sobre sua carreira e seus estudos sobre o fenômeno humano. Meira é autor dos livros Ser ou Não Ser: nossa dramática encruzilhada evolutiva e A Segunda Simplicidade: bem-estar e produtividade na Era da Sabedoria.

Portal do Garrett (PG): Sobre a sua trajetória e carreira. O que te motivou a trabalhos nos dois livros em questão?

Professor Luciano Alves Meira (LAM): Sou formado em Letras e amo os livros, sempre fui apaixonado desde a infância, então poder me ver escritor é muito especial. Mas eu também sou professor, empresário e trabalho em muitas frentes ao mesmo tempo, todas têm uma direção específica que é o desenvolvimento do potencial humano. Neste processo, estudei bastante e me considero um bom aprendiz, talvez até um estudante eterno, do assunto que mais me fascina: o fenômeno humano.

Antes de discutir as respostas que desaguaram nos livros é interessante refletir sobre as disciplinas que procuram desvendar o humano. Na verdade, são todas, mas começo pela própria filosofia. Já são quase três mil anos desse questionamento: O que é o ser humano? Existiu, inclusive, a filosofia antropológica que faz esse mesmo questionamento com múltiplas respostas. A Psicologia, principalmente a moderna, também é muito investigativa e a precisamos estudar mesmo não sendo psicólogo. Podemos falar em outras, mas interessante falar de Neurociência, pois é um olhar mais físico. Neste momento, há muitas pessoas muito competentes e capazes fazendo pesquisas, refletindo e tentando estudar o fenômeno humano.

Nestes últimos trinta anos, tentei trazer uma linguagem que os meus alunos da pós-graduação de áreas diferentes entendessem. Uso uma linguagem muito hermética para atingir todas as pessoas. Outro ponto é que todos nós temos algum tipo de curiosidade e interesse sobre quem somos nós e como podemos desenvolver o nosso potencial.

Para me ver como escritor, entendo os meus limites. Não sou um romancista ou poeta, hoje me vejo mais como um tradutor de estudos sobre o fenômeno humano. O assunto tem um certo nível de complexidade e que o leitor vai ter acesso atrás de uma linguagem mais simples. Não é um trabalho fácil, mas é prazeroso porque entendo como uma espécie de missão ser um divulgador do que a Ciência, a Filosofia e a Espiritualidade dizem a respeito desse fenômeno tão natural, estranho e curioso que somos nós mesmos.

PG: Em A Segunda Simplicidade: bem-estar e produtividade na Era da Sabedoria existe a alusão à complexidade da sociedade pós-moderna. Em sua opinião, quais seriam os fatores que influenciam essa complexidade que dificulta a chega à simplicidade? 

A_Segunda_Simplicidade_–_Bem-estar_e_produtividade_na_Era_da_Sabedoria.

Capa do livro A Segunda Simplicidade: bem-estar e produtividade na Era da Sabedoria – foto divulgação 

LAM: Nós nascemos na primeira simplicidade, batizei essa experiência de nascimento assim como uma escolha minha, nem todos os pensadores vão concordar. Pode ser representada pela criança que no aspecto cognitivo, mesmo com certa complexidade, ainda não tem consciência total e age de uma forma reflexiva por meio das operações reflexos sem consciência de si ou escolhas livres e não há angústia nesse processo. Quando eu não tenho que escolher, não vivo angustiado. A angústia sempre está ligada as escolhas que fazemos todos os dias.

Assim, crescer é se desenvolver e sair da zona de conforto. Aristóteles já falava que o ser humano é um ser que busca saber. Só de abrir os olhos, ouvir ou tatear recebemos informações. Nossos sentidos captam essas informações e nós temos um processo neuronal chamado memória, como um movimento de recuperação de experiências passadas. Acumuladas com emoções, sentimentos, conhecimentos, descobertas e encontros trazem informações à memória e tornam tudo cada vez mais complexo.

Quem sabe, tem responsabilidade e precisa fazer escolhas. O poeta Fernando Pessoa traz em seus versos e palavras essa reflexão sobre tornar tudo simples novamente e abdicar do que já sabe. Então ele está querendo voltar a essa primeira simplicidade. E não tem saída. Quando adquirimos, acomodamos e internalizamos as informações, já entramos no mundo da complexidade.

Se pensarmos que quanto mais informação eu tiver, mais eu carrego essa angústia de existir, estamos em uma espiral eterna de crescimento da angústia, das escolhas e complexidade. A inflação de informação me desconecta pois eu preciso dar sentido, qualificar e separar o essencial do acessório. Se não consigo fazer isso, estou mergulhando nesse mar de complexidade e por isso muita gente está sofrendo psicologicamente. A própria internet induz muito a isso, é uma tecnologia dentro das tecnologias que induz isso com um excesso de estímulos ao cérebro.

Não ter critérios e métodos para selecionar o essencial e não buscar sentido é se perder nessa carga enorme de complexidade de saberes. Alguém precisa avisar as novas gerações que simplesmente se expor ao mundo não é saudável. Agora, se eu for educado, preparado, fortalecido, se eu tiver métodos, então eu vou aprender a navegar nessas sociedades.

A primeira navegação que eu preciso fazer é em mim mesmo e, por isso, eu sempre tenho colocado como fundamento no meu trabalho e reflexão sobre o autoconhecimento como parte fundamental de todo esse processo. Se eu não aprendo a responder bem perguntas sobre mim, eu estou despreparado para este tipo sociedade em que nós estamos vivendo.

Sobre a segunda simplicidade, há um pensamento importante que eu usei como uma referência no livro que é do médico romancista norte-americano do século XIX, Oliver Wendell Holmes que diz “eu não daria um centavo pela simplicidade que há desse lado da complexidade, mas daria a minha vida pela simplicidade que existe para além da complexidade”. Ou seja, ele diz aqui que não há como voltar e nem queremos voltar para essa primeira simplicidade, um paraíso inconsciente.

Agora, nós queremos nos assegurar de uma simplicidade que transcende a complexidade e, para isso, o autoconhecimento é a base. Quando eu aprendo a fazer essas escolhas essenciais e autênticas, eu começo a me libertar da complexidade e começa a ter uma experiência que os neurocientistas já encontraram também, nos seus estudos, que é um funcionamento energético do cérebro mais leve.

Quanto mais eu analiso, mais distante eu fico na experiência real e holística da vida. A sociedade que forma pessoas muito especializadas, acaba em uma sociedade pessoas doentes. Porque elas deixam de ter a experiência do todo e voltar a sentir a vida, as coisas como elas são e há uma simplicidade nisso. Meu livro vai provocar o pensamento em várias áreas da vida sobre como gerar a segunda simplicidade. Como por exemplo na educação, trabalho, em relações entre líderes e liderados, política, na ciência, vida social e muitas outas.

PG: Em Ser ou Não Ser: nossa dramática encruzilhada evolutiva, é colocado o diálogo sobre o fenômeno humano com base na filosofia, ciência e literatura. Como se dá essa relação?

Ser_ou_Não_Ser._Nossa_dramatica_encruzilhada_evolutiva

Capa do livro Ser ou Não Ser: nossa dramática encruzilhada evolutiva – Foto divulgação

LAM: Tenho uma formação heterodoxa, vamos dizer assim, porque eu sou filho de um médico-cientista e a minha mãe foi também formada em Ciências Sociais e Políticas. Essa formação me entender a importância da ciência, mas a Filosofia e outros aspectos, vem quando eu comecei a fazer minha própria busca.

Em nenhum momento eu desacreditei da ciência. A ciência busca e desvenda fatos, tem método importante para entender como as coisas e a natureza funciona. Encontrei na Filosofia um aspecto novo que com seus próprios métodos também quer entender como a natureza funciona. A ciência é um saber e a Filosofia é uma reflexão sobre os saberes. Ela tem a liberdade de questionar, até mesmo radicalmente, para tentar encontrar uma solução e entra em um nível que a própria ciência ainda não consegue chegar. A Filosofia é a mãe de todas as ciências modernas e elas deveriam estar conversando muito mais do que conversa hoje.

O que a ciência faz é incrível, trazendo dados novos e interessantes, mas a filosofia é a esfera da reflexão em que nós vamos buscar sentido. O ser humano é o buscador e o formulador do sentido. Na verdade, somos nós que emergimos no meio da natureza para responder à pergunta do sentido. Temos uma necessidade de formular sentido, como diria o filósofo Martin Heidegger. Já a arte, como entendeu muito bem o psicólogo suíço do século XX, Carl Gustav Jung, é inconsciente. A arte tem uma linguagem que a linguagem verbal lógica que presente na ciência e filosofia, não penetra. Os aspectos da arte nos levam a entender melhor o ser humano sem explicações racionais diante de uma experiência artística.

Portanto, se eu tirar qualquer uma dessas três esferas, eu reduzo a vida humana. E no livro eu realmente faço uma investigação sobre o fenômeno humano e a evolução da consciência humana a partir desse dessas três posições: a científica, a filosófica e artística. Aliás, dentro da filosofia, incluo a discussão espiritual como um debate da filosofia e vice-versa.

PG: Utilizando suas obras como podemos tornar o autoconhecimento em “um eixo central para futuras gerações”?

LAM: A Educação é a base e aqui não falo somente de dentro das escolas. A Educação é um fenômeno que ocorre em todos os lugares, a aventura da vida é uma aventura de aprendizagem. Se queremos uma sociedade bem resolvida e mais realizada no futuro, isso terá que passar pela educação integral, essa que envolve toda a nossa experiência. Além de ensinar competências, capacidades técnicas, tecnologia ou ciência, temos que entender o ser como um fenômeno muito maior do que podemos explicar.

Precisamos entender a consciência de si mesmo e a profundidade disso na vida sentimental, emocional, mental, comportamental e relacional e aprender a lidar com tudo isso na formação de todos e cada um. Nós precisamos colocar o autoconhecimento como o pilar central do processo educacional e estamos longe de fazer isso nas escolas. Estamos começando a trabalhar com algumas questões de inteligência emocional, mas de uma forma muito instrumental ainda.

Precisamos falar sobre desenvolvimento humano para conseguir bons cidadãos e preciso entender o ser humano como um fenômeno e que não é só luz, ele é sombra também.

PG: Por fim, quais conselhos daria para atingir o que chama de Segunda Simplicidade no livro?

LAM: Na Caminho Vida Integral temos um curso que chama Plenitude que está sendo administrado dentro das empresas que entendem que precisam investir no desenvolvimento das pessoas. O curso tem duas bases conceituais: a visão integral e a Psicologia Positiva que pesquisa os fatores de desenvolvimento humano, ambas com raízes no Estados Unidos.

Como dica eu digo que é preciso estudar mais esse assunto. Pessoas que desenvolvem a capacidade de interpretar o sentido do que elas estão fazendo, ou seja, fazer sempre algo com consciência e sentido, se desenvolvem mais e sentem melhor na realização de todo o trabalho. Isso é um fator florescimento, as pessoas têm vida significativas, conseguem significar e ressignificar aquilo elas tão fazendo.

Estamos em um momento da vida que eu não posso evitar o que está acontecendo comigo e a gerar sentido. Por isso criamos cursos a respeito desse assunto, O Plenitude é um workshop criado com jogos para ajudar as pessoas a refletirem sobre o seu potencial humano e os caminhos para que esse potencial seja desenvolvido, porque é isso é a busca do planejamento.

Aproveitando a oportunidade, quero divulgar o livro que a Vozes lançou no final do ano passado que se chama Novo normal? São quatro autores falando sobre uma perspectiva. Temos aqui, Eu, Gustavo Barcellos, Luis Mauro de Sá Martino e Volney J. Berkenbrock. Fui convidado para o capítulo da uma liderança, que precisa acompanhar essa mudança que tá ocorrendo. Os líderes vão precisar se humanizar mais e essa virada na liderança já está ocorrendo.

Sobre Prof. Luciano Alves Meira

Tem um MBA em Liderança e Gestão Organizacional pela UNICEUB- FranklinCovey e é especializado em Gestão de Organizações sem Fins Lucrativos pela Universidade de Berkeley (CA). Possui ampla expertise no desenvolvimento de lideranças, já tendo coordenado treinamentos em grandes empresas e em jovens lideranças. Foi Diretor de Metodologia e Novos Negócios do IPOG e Diretor de Conteúdo e Facilitação da FranklinCovey Brasil. Há mais de uma década atua na área de T&D e como professor em cursos de pós-graduação.

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