Por Equipe de Redatores GarrettRH – Publicado em 23 abr 2021
Saúde mental e trabalho: uma importante relação
MentalClean – Foto: Divulgação
A psicóloga Fátima Macedo discute sobre a importância do tema nas empresas e sobre formas de autocuidado.
Fátima Macedo, psicóloga e CEO da MentalClean – Foto: Divulgação
A relação entre saúde mental e trabalho é, atualmente, muito discutida. O trabalho pode ser entendido como promotor de saúde mental ou como um indutor ao adoecimento. No momento de pandemia, a relação tornou-se conturbada e os efeitos são sentidos por colaboradores e líderes.
Relações conturbadas
A psicóloga Fátima Macedo, CEO e Diretora Geral da Mental Clean diz que “o trabalho é parte constituinte da vida” e despende parcela grande dos dias. Pontua que em uma discussão sobre a relação dele com a saúde mental é necessário um olhar amplo e análise dos fatores psicossociais do trabalho.
Um ambiente de apoio e respeito mútuo com bons relacionamentos torna o trabalho em um promotor de saúde e satisfação. Para a CEO é importante “sentir que eu tenho infraestrutura para desenvolver as minhas atividades”. Por outro lado, relações interpessoais tóxicas e comportamentos inadequados, combinados com rotinas estressantes e ausência de condições laborais, são características de um trabalho adoecedor.
Uma relação conturbada entre saúde mental e trabalho tem o estresse como consequência. Fátima Macedo explica que esse é o início de um processo gradual e intenso que leva aos diagnósticos. Os transtornos vão desde os ansiosos até os depressivos como síndrome do pânico, Burnout e casos sérios de depressão.
A pandemia de COVID-19 e o isolamento social tornaram a relação entre saúde mental e trabalho mais intensa. A CEO cita que o trabalho “invadiu a nossa casa” e ocorream muitas adaptações nos hábitos, lugares e rotinas. “É muito cansativo. As pessoas não têm tempo de ir ao banheiro. Querem mostrar produtividade e têm medo de serem demitidas. Além dos problemas de relacionamento dentro das equipes”, opina.
A profissional relata que, em sua vivência, observou um aumento do número de sintomas e diagnósticos ao longo deste período. Para ela, é difícil determinar com exatidão quais as parcelas referentes aos fatores da pandemia, do trabalho e quais são do próprio indivíduo. Já que neste momento, diferentes questões sociais e pessoais de hiper convivências, hiper conectividade geram maior estresse. Fátima Macedo recorda que o aumento das reuniões e eventos on-line gera esgotamento.
A CEO conta também que diferentes líderes já relatam o esgotamento mental proveniente dos desafios relacionados à resolução de conflitos e gestão empresarial. Em todos os cargos empresariais, a falta de cuidado e prevenção pode gerar sintomas de cansaço e a consequente falta de foco. Segundo Macedo, os problemas “começam com impactos com relação ao ambiente de trabalho e caminha para impactos maiores”. “Já conhecemos histórias de aumento no número demissões”, completa.
Cuidado e Prevenção
“Fazer a promoção da saúde mental é falar de bem-estar emocional” explica a executiva ao lembrar que saúde mental não remete apenas a doenças. Para ela, é preciso entender o mental como uma estrutura de outras áreas da vida. Promover a saúde mental é melhorar relacionamentos, satisfação e qualidade de vida de todos.
Segundo a psicóloga, os colaboradores precisam desenvolver hábitos de autoavaliação e autoconhecimento. “Da mesma forma que o corpo sinaliza que temos fome ou que estamos com sede, ele também demonstra como nós estamos (emocionalmente e mentalmente)”, ressalta. Assim, ter formas de externalizar sentimentos é importante e é preciso ajuda profissional em alguns casos.
“A comunicação interna das empresas também tem um papel muito forte na questão do fortalecimento da cultura organizacional”, explica. Segundo a CEO, o primeiro passo é encarar o tema de frente e fazer campanhas de sensibilização, orientação e diálogos. Os líderes precisam de preparo para responder a cinco questões: como identificar os problemas? Como abordar? Como encaminhar? Como acompanhar? Como prevenir?.
No momento de pandemia, a profissional explica que é necessário analisar se antigas metas ainda são factíveis com a realidade. O mapeamento de equipe e ajuda na criação de estratégias de gestão, sendo importante ter proximidade com os colaboradores e as necessidades de cada indivíduo. “Como é que eu entrego se eu não tenho um ambiente tranquilo?”, questiona Fátima Macedo. “É trazer para a prática aquilo que está no discurso”, completa.
Se durante a pandemia, o tema saúde mental vem ganhando mais projeção, após este período, o olhar sobre ele não deverá se esgotar. Fátima Macedo analisa que os dias pós-pandemia serão conturbados e não será uma retomada tranquila. “Quanto mais as empresas fizerem prevenção agora, menos elas vão precisar intervir depois”, assegura a psicóloga e CEO.