Por Juliana Algodoal, é PhD em Análise do Discurso em Situação de Trabalho – Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem e fundadora da empresa Linguagem Direta
A 4ª edição do ‘Relatório do Futuro dos Empregos’, do Fórum Econômico Mundial – que analisa de que forma as macrotendências e a tecnologia devem influenciar os mercados de trabalho e ainda apontar os rumos sobre empregos e habilidades até 2027- trouxe uma constatação com o seguinte recado: as lideranças vão precisar desenvolver uma nova inteligência que traduza as 10 softskills mais valorizadas no futuro. Ouso arriscar chamá-la de ‘Inteligência Comunicacional’.
E por que esse termo? Porque é preciso de uma inteligência para controlar a mensagem que chega, racionalizá-la e planejar como disseminá-la de forma equilibrada, evitando gerar conflitos ou desavenças.
As habilidades cognitivas têm sido cada vez mais valorizadas pelos empregadores, de acordo com o relatório, porque refletem a capacidade do trabalhador em resolução de problemas no ambiente corporativo.
Para 2023, as habilidades mais valorizadas serão: pensamento analítico e pensamento criativo, e isso deve se repetir nos próximos cinco anos. Daí, a importância de desenvolver a Inteligência Comunicacional, muito interligada com esses comportamentos.
Essa força significa ter um alto poder e controle sobre a mensagem que se deseja transmitir, com o conteúdo, o tom da voz, a expressão, os gestos, tudo estrategicamente planejado para que a comunicação tenha o máximo de aproveitamento, sem ruídos e, principalmente sem criar conflitos. Não que eles não devam existir, porque afinal de contas são fontes de inovação também.
Porém, a Inteligência Comunicacional permite fazer a gestão de conflito estratégica. Está um pouco à frente da escuta ativa. É também uma aptidão para entender culturas diferentes e perceber como comunicar em cada local.
A realidade é que precisamos dominar o pensamento analítico para alcançar uma comunicação produtiva e completa. O líder precisa dessa inteligência comunicacional para ser capaz de “escolher as lutas certas”, de interpretar e saber seu papel na comunicação.
O desenvolvimento das Inteligências Emocional, Social e Educacional não está mais solitário nas questões de liderança nas empresas. A Inteligência Comunicacional passa a ser um atributo imprescindível para a liderança do presente.
Essa inteligência nasce e se alimenta da autoconsciência – pois, se não sei quem eu sou não consigo me separar do outro para entender meu papel – além da empatia e da escuta ativa.
Para aperfeiçoá-la é preciso ainda estar em dia com a capacidade de ter flexibilidade e lifelong learning a partir de algumas dicas importantes:
- Autoconsciência e autopercepção: entender os feedbacks que dá e recebe;
- Analisar como está a qualidade de sua própria comunicação, desde o conteúdo até tom de voz, gestos etc.;
- Ampliar repertório a partir da leitura de conteúdos que geralmente não acessa – incluindo programas de TVs, de podcasts entre outros;
- Curso de aperfeiçoamento de oratória com profissionais especializados em valorizar seus potenciais característicos de comunicação. Mas, isso só terá valor se for depois dos itens anteriores;
- Entender seu papel na promoção do impacto positivo ao seu redor;
- Automotivação – é preciso dela para influenciar.
O papel de líder com uma inteligência comunicacional apurada, por exemplo, é ouvir uma ideia e entender seu papel para que ela se torne realidade. É ser o apoiador e compartilhar o protagonismo com seus liderados.
É antes de tudo, assumir que está sempre em desconstrução e reconstrução, olhando o tempo todo para dentro e para fora e aceitar aquilo que pode ser feito de outras formas. É tornar comum suas dúvidas, pois compartilhar não faz um líder menor e sim resiliente, mais humano, além de um excelente influenciador.