Por Flávio Guimarães*
É comum associar o crescimento na carreira ao alcance de metas e resultados. Isso porque estamos acostumados a trabalhar sob pressão e a ouvir profissionais de sucesso que alcançaram metas ambiciosas e superaram as expectativas de sua empresa.
Mas será que esse é realmente o único caminho para crescer na carreira? Será que os resultados são os únicos fatores a serem considerados? A resposta é não. Crescer na carreira não se trata apenas de resultados alcançados. Claro, os resultados são importantes e devem ser buscados incansavelmente pelos profissionais, mas não podem ser os únicos índices de sucesso.
Somente compreendi plenamente a importância desse ensinamento durante o tempo em que trabalhei na Philips, quando a vida me mostrou que, mesmo que eu alcance um excelente resultado em meu departamento ou unidade de negócios, isso não basta se pessoas de outras áreas não estiverem engajadas para seguir comigo.
Durante grande parte da minha carreira, negligenciei o desenvolvimento dos relacionamentos com pares e me concentrei apenas no resultado, sem demonstrar tanta empatia pelos outros. Isso acabava acontecendo porque acreditava que conflitos de interesse eram comuns nas empresas de maneira geral e negligenciei a importância de desenvolver minha inteligência emocional, que poderia ter minimizado meus erros pessoais.
Por exemplo, o departamento financeiro frequentemente queria reduzir o estoque para economizar dinheiro, enquanto o departamento de vendas buscava manter um estoque mais que suficiente para atender às demandas dos clientes. Sem a habilidade de gerenciamento emocional adequada, essas diferenças de opinião acabavam criando tensões pessoais.
Enfrentei conflitos como esse em diversas ocasiões, e percebi que simplesmente focar nos resultados de curto prazo, sem dar importância à construção de relacionamentos sólidos com as equipes envolvidas, acaba sendo ineficaz. Esmagar e sobrecarregar seus colegas de trabalho com tarefas pode até resultar em uma entrega de sucesso no momento, mas no dia seguinte, as pessoas podem não querer mais trabalhar com você.
Em algumas situações, é importante sacrificar um pouco do resultado imediato para reconquistar e engajar as pessoas em um time, mesmo que você não concorde plenamente com a visão do grupo. Trabalhar em equipe significa envolver todos nesta visão e o papel do líder, em alguns momentos, não é apenas ditar as regras.
Por fim, um dos maiores aprendizados em minha carreira foi que os seus resultados e capital técnico são apenas metade do fator de sucesso na carreira corporativa. A outra metade é sua capacidade de construir relacionamentos de confiança e ter pessoas engajadas ao seu lado – eu chamo isso de capital político.
É preciso desenvolver inteligência emocional e destruir seu próprio ego ou você não irá muito longe.
*Flávio Guimarães é executivo de multinacional e fundador da Escalada Corporativa, uma comunidade de executivos renomados que desejam construir um novo mundo corporativo: mais gentil, humano e mais voltado à geração de valor, promovendo transformação e legado.