Reflexões da Pandemia – É sobre Humanizar

E o mundo segue veloz, turbulento e cada vez mais intenso. Trabalhando de casa, pelo vídeo, nos escritórios, mantemos as interações com pessoas e todos já entenderam que há uma tensão no ar e um cansaço, um cansaço mental que nos prende há algum tempo. Pessoas estão presas em suas rotinas e em suas casas e quando terminam o dia seguem sem saber por onde ir. Não é mais como era, os horários estão restritos, as pessoas estão com medos e isso impacta a nossa forma de ser e agir. Mudamos e fomos obrigados a mudar e não estávamos preparados para isso.

Como diz o poeta “o mundo está ao contrário e ninguém me preparou”.

Cada dia mais, temos a oportunidade de rever nossos compromissos e nossas ações de melhorarmos como seres humanos e de praticarmos o que nos torna humanos: a comunicação e o respeito.

Hoje, apesar de tudo, o que mais precisamos, todos, é de mais atenção, conversa, risos e um pouco de carinho, de alguém que olhe para você e que ouça com o coração. Precisamos ter alguém que consiga se doar para amenizar a dor de outro alguém.

Muitos vivem em um mundo de privilégios e não estão atentos ao que o outro clama ou pede.

Pequenos gestos, pequenos cuidados podem mudar a vida de alguém. Esteja alerta aos sinais. Eles estão o tempo todo ao nosso redor e as pessoas mostram seus sentimentos, não em fala, mas pelo pedido de ajuda em um olhar, em seu semblante. Nossa comunicação está muito quadrada em telas e perdemos mais de 70% da nossa forma de entender o todo.  Afinal, o corpo fala e fala muito. Estamos entrando em uma nova fase que é a de estar conectado, mas sem a imagem, porque a internet ‘está ruim’.

Agora mesmo, alguém que está do seu lado está sofrendo e, por causa das nossas metas e correrias e a falta do contato, não percebemos. Durante a pandemia, o feminicídio aumentou mais de 54%. É quase improvável que não conhecemos alguém que esteja passando por violência doméstica. Essas mulheres estão em nosso convívio diário e os seus agressores também. Estejamos atentos.

De fato, precisamos mais do que falar, humanizar nossas relações. O que nos diferencia dos outros animais é a habilidade de conversarmos. Afinal, não somos os mais velozes nem os mais fortes, mais podemos ser melhores.

Reserve um tempo das suas reuniões e encontros para se dedicar ao outro com o coração, esteja de fato aberto a ouvir, compreender e perguntar. É preciso coragem para agir com o coração e pureza da alma. Sim, todos sofrem diariamente pela rotina, pela pressão pela falta de atenção, mas quando você dá a oportunidade, você também aprende com as histórias dos outros.

Hoje o meu desejo de compartilhar este texto é para que você olhe para dentro de você e se questione: “o que estou fazendo, o que posso fazer e como posso me dedicar a alguém”.

Pare por alguns minutos e ligue para alguém em que você está pensando e fale sobre sentimentos, saudades, angústias ou apenas diga ”eu me importo com você”.

Ricardo Mota

Gestor Sênior de Diversidade e Inclusão da Hapvida

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