Profissões do Futuro necessitam de habilidades no presente

Já há uns bons anos venho trabalhando com o tema de Profissões do Futuro em palestras e workshops em empresas. Muitos institutos e organizações em todo o mundo, com destaque ao WEF – Fórum Econômico Mundial (www.wef.org) faz um acurado acompanhamento da evolução do mercado de trabalho ao longo dos anos, e sempre destaca as atividades que crescem em demanda e outras tantas que estão em decadência.

Muitos futuristas, como Ray Kurzweil e Thomas Frey, destacam o papel das tecnologias exponenciais, inerentes à 4ª. Revolução Industrial, nesta transformação acelerada no perfil das funções e por consequência dos profissionais necessários às novas economias.

O destaque nisso tudo é que precisamos, como profissionais, líderes, empresários e agentes da mudança, dar foco nas habilidades necessárias, tanto as técnicas quanto às socioemocionais, que vão sendo apontadas como indispensáveis neste novo cenário.

E é também muito importante que compreendamos que, para que haja profissionais bons no futuro, precisamos trabalhar estas habilidades no presente.

Como empresas e organizações, vemos a necessidade de evoluir redes, sistemas, meios de comunicação, formas de atendimento de nossos clientes e oferta de produtos e serviços. Tudo isso tem como base a necessidade de profissionais que conheçam estas tecnologias, saibam usá-las para construir soluções e que consigam compreender pares e mercado com novas mentalidades.

Mas será que estamos nos preocupando, no papel de líderes principalmente, em adaptar, reciclar, retreinar e requalificar os nossos profissionais? Isso custa, em tempo e dinheiro, recursos sempre escassos, mas custa muito mais não pensar nisso hoje, pois o futuro acontece todo dia.

A Universidade Singularidade, instituição reconhecida globalmente pelos seus projetos de educação e transformação de negócios inovadores, nos fala sobre o profissional exponencial, que precisa conjugar constantemente os trinômio “saber, pensar e agir”. Já Alvin Toffler, conhecido futurista que ficou famoso desde os anos 1980 com seu livro “A Terceira Onda”, nos fala que “O analfabeto do século XXI não será aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender, desaprender e reaprender”.

Já o WEF, nos comenta, em algumas de suas conclusões-chave do relatório sobre O Futuro do Trabalho, de outubro de 2020, que mesmo que o ritmo da adoção das tecnologias esteja em aceleração constante e que estejamos passando por uma disrupção dupla, com a automação nas empresas e funções e a pandemia, ainda temos uma lacuna de competências profissionais muito alta e que a janela de oportunidade para requalificar profissionais ou aumentar a sua qualificação está ficando cada vez mais curta.

Isso pode parecer muito complicado, mas também pode ser um incentivo para que nos preocupemos em olhar com mais atenção os nossos talentos. Requalificar é um excelente caminho, quando vemos em nossos quadros pessoas que conhecem o nosso negócio e já estão a alguns degraus de evolução e que precisam se aperfeiçoar em alguns aspectos para que possamos nos enquadrar agora para um futuro brilhante.

Quais seriam estas habilidades? Citaremos algumas, mas falaremos delas com mais detalhes em futuras (brevíssimo futuro) reflexões.

Já citamos as habilidades técnicas e aí podemos ressaltar qualificações em tecnologia como ciência de dados, internet das coisas, análise de dados, segurança da informação, aprendizado de máquina, gestão de projetos e desenvolvimento de software.

Mas, as mais importantes e talvez mais difíceis de trabalhar, pois não são tão óbvias e dependem de questões socioemocionais, são habilidades como criatividade, protagonismo, colaboração, originalidade, iniciativa, resiliência, tolerância ao estresse, inteligência emocional e orientação ao serviço.

Esta lista é um pequeno apanhado do que nos propõem organizações como WEF, Accenture, Milken Institute e MIT. Tá fácil, não é? Só que não.

E não está tão fácil, principalmente, porque estas habilidades que são demandadas como perfil profissional, muitas vezes não encontram respaldo na cultura das empresas. Por exemplo, como ser colaborativo em ambientes altamente competitivos? Como ser protagonista se nossas opiniões são malvistas pelos chefes e colegas?

Trabalhar habilidades profissionais precisa ser um foco constante das empresas, hoje, no presente. Mas é preciso que isso seja visto como uma mudança estrutural e cultural, para que sejam estruturantes de um futuro melhor. Falaremos mais disso no próximo mês. Até lá!

Cida Vasconcelos

Consultora, facilitadora e palestrante

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