Quando tive a oportunidade de estar num mergulho com Robert Dilts tive uma série de insights reveladores para mim. Trabalhando há anos com Planejamento Estratégico, pude entender mais claramente como as questões relacionadas ao propósito, missão e valores são importantes para o engajamento das pessoas.
Dilts fez um trabalho espetacular dentro da Fiat Automóveis de Torino na Itália, a partir de uma demanda do presidente da época, que queria que a faxineira da Fiat tivesse a mesma visão do que ele para colocar a empresa em outro patamar.
Creio que a maioria conhece a história que segue a mesma linha, num relato sobre a visita do Presidente Kennedy à NASA. O presidente perguntou para um faxineiro que varria o chão o que ele estava fazendo. O homem dentro da sua simplicidade respondeu: “Estou ajudando a levar o homem para Lua”.
A partir dos conceitos do antropólogo Gregory Bateson sabemos que a missão e o propósito estão no nível do inconsciente e diretamente ligado ao nível dos “Valores”, e são a mola propulsora da motivação.
Já do ponto de vista da neurociência, a missão pode desempenhar um papel crucial no comprometimento das pessoas dentro do ambiente de trabalho. A neurociência nos ajuda a entender como o cérebro humano funciona e como as pessoas respondem a estímulos e desafios.
Aqui segue alguns pontos fundamentais de como a neurociência avalia este processo de motivação e engajamento:
Sentido de propósito: A missão de uma organização pode fornecer um senso de propósito significativo para os colaboradores. Quando as pessoas sentem que seu trabalho está alinhado com uma missão maior e que estão contribuindo para algo significativo, seus cérebros liberam neurotransmissores, como a dopamina, que estão associados à motivação e a satisfação. Isso por si só pode aumentar o engajamento e o comprometimento no trabalho.
Foco e atenção: Quando as pessoas se sentem conectadas à missão de uma organização, é mais provável que mantenham o foco e a atenção em suas tarefas diárias como a execução de ações operacionais. A missão age como um direcionador para o cérebro, ajudando a filtrar distrações e aumentando a capacidade de concentração. Isso ocorre porque o cérebro atribui maior importância às atividades que estão alinhadas com uma missão significativa.
Resiliência e superação de desafios e diminuição do estresse: Uma missão inspiradora pode fortalecer a resiliência das pessoas diante de desafios e adversidades no ambiente de trabalho e diante do contexto desafiador do mercado onde atuam. Quando as pessoas estão conectadas a um propósito maior, seus cérebros são estimulados a liberar hormônios do estresse, como o cortisol, só que de forma mais equilibrada. Isso ajuda a lidar com o estresse de maneira mais eficaz e a superar obstáculos com mais facilidade.
Autonomia e pró atividade na tomada de decisões: Uma missão clara e inspiradora pode capacitar as pessoas a tomar decisões autônomas dentro do ambiente de trabalho. Quando as pessoas se sentem comprometidas com a missão, o cérebro libera neurotransmissores associados à sensação de controle e autorrealização, como a serotonina. Isso pode aumentar a confiança das pessoas em sua capacidade de tomar decisões e agir de forma proativa.
Maior conexão social: A missão também pode promover a conexão social entre os colaboradores. O cérebro humano é altamente social e busca pertencimento e conexão com os outros. Uma missão compartilhada pode criar um senso de comunidade e colaboração, liberando neurotransmissores, como a oxitocina, associados à confiança e cooperação e mais uma vez combater os sintomas do estresse.
Em resumo, a neurociência nos mostra que uma missão clara e inspiradora pode comprometer as pessoas no ambiente de trabalho, ativando circuitos cerebrais associados à motivação, foco, resiliência, autonomia e conexão social. Ao compreender esses aspectos, as organizações podem usar a missão como uma ferramenta poderosa para envolver e comprometer seus colaboradores.
Portanto, está na hora das empresas levarem mais a serio a formulação de suas Missões, Propósitos e Valores e parar de ser algo vazio, politicamente correto e sem conexão com seus colaboradores, se é que querem ter um maior grau de comprometimento de suas equipes.
Emerson Ciociorowski
Mentor, Consultor Palestrante na área de Planejamento Estratégico e Gestão de Pessoas
CEO e Fundador do Movimento Equilibrium
www.movequilibrium.com