135 anos da Lei Áurea: por que as vagas afirmativas para pessoas negras ainda incomodam?

O dia 13 de maio, quando é celebrado o Dia Nacional da Denúncia Contra o Racismo, também é conhecido como a data de abolição da escravatura, quando foi assinada a Lei Áurea. Há 135 anos, o político Joaquim Nabuco, um dos principais líderes do movimento abolicionista, já sabia que a escravidão não desapareceria com um decreto. E em 2023, ainda há desigualdade e o racismo afeta a vida de milhares de pessoas negras no país em todos os locais.

E quando o assunto é o mundo corporativo, o mercado de trabalho ainda é um terreno árido para as pessoas negras, afinal, o racismo histórico e estrutural dificulta o desenvolvimento profissional. Com o aumento dos debates sobre diversidade, equidade e inclusão, muitas empresas criaram políticas de contratação de vagas afirmativas/exclusivas dentro das organizações. Segundo uma pesquisa da Diversity Matters mostra isso, uma vez que 63% dos empregados de organizações diversas sentem-se felizes no trabalho, contra 31% dos funcionários daquelas que não oferecem esses programas.

Deives Rezende Filhoespecialista em ética, diversidade, equidade e inclusão, e CEO da Condurú Consultoria, acredita que a construção dessa nova forma de contratação, que mexe na estrutura e na cultura interna das empresas, não é um processo fácil, mas que hoje é de suma importância. “Muitas pessoas hoje buscam por organizações com essa cultura e, aquelas que já estão inseridas nelas, sentem orgulho e vontade de permanecer onde estão”, diz.

Há inúmeras camadas quando o assunto é raça, mas quando falamos, especificamente, sobre o mundo corporativo, as organizações precisam de organização para que essas medidas sejam efetivas, com treinamentos de equipe, letramento racial, códigos de conduta específicos e mais oportunidades para que essas pessoas tenham espaços para chegar em cargos de lideranças, entre outras coisas. “Assim como a sociedade, as organizações precisam entender e se apropriar dos benefícios oferecidos pelas ações de diversidade e inclusão e colocá-las em prática porque esta ação trará mais criatividade, críticas ao processo existente e mais resultado no final do balanço”, finaliza Rezende.

Deives Rezende Filho

Fundador da Condurú Consultoria e possui 40 anos de experiência no mercado financeiro e em outras empresas. Trabalhou em organizações nacionais e internacionais como Itaú, Unibanco, Instituto Ethos, Grupo Stratus, Citibank, Credit Suisse, Morgan Stanley, JPMorgan, Royal Bank of Canada e Banco Real. Graduado em Ciências Contábeis, possui MBA em Gestão Empresarial (FGV-SP) e extensão em Negociação e Sustentabilidade (FGV). É coach e mediador organizacional pelo Instituto EcoSocial, Professional Certified Coach (PCC), Mentor Coach (International Coach Federation), especialista em temas de Governança Ética, ex-presidente do Comitê de Ética ICF-Brasil e palestrante em Ética Empresarial, Conflitos no Ambiente de Trabalho, Protagonismo do Negro e Inclusão Racial. Escolhido pelo Forbes 2021 como uma das 10 pessoas com +50 que se reinventaram na carreira.

Condurú Consultoria

Criada em 2017, a Condurú é uma consultoria que auxilia na implementação de programas de governança, apoia a construção ou atualização de códigos de ética ou de conduta e promove palestras e workshops de diversidade e inclusão.

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